Para responder essa pergunta, o leitor terá de fazer outros questionamentos a respeito do que espera para a vida nos próximos 15 anos. O planejamento financeiro deve estar conectado aos objetivos para cada ciclo da vida.
Um casal com filhos pode ter uma série de planos até que eles se formem ou alcancem a independência financeira. Quem está perto de se aposentar também consegue projetar a vida depois dessa mudança. Estará morando no mesmo imóvel? Pretende fazer outro tipo de trabalho?
Dependendo do momento de vida e de como cada um projeta o futuro, pode ser mais fácil ou desafiador responder essas perguntas. Já conversei com clientes que sabiam bem onde queriam estar em 10 anos. Mas também já encontrei quem não sabia.
Afinal, vivemos em um país no qual ainda há muita dificuldade de se pensar em prazos longos. Ainda carregamos a memória da inflação, que assolava a economia até o Plano Real e fazia o dinheiro perder valor rapidamente. A economia estabilizou-se nas últimas décadas, mas temos muito a desenvolver quando o assunto é ter uma visão de longo prazo.
Quando converso com clientes, identificamos projetos para etapas diferentes da vida: em dois, três, quatro, cinco, seis anos. Sem nunca esquecer o mais longo prazo: a construção da reserva para conquistar a independência financeira na aposentadoria.
É importante responder:
· Quais são seus objetivos?
· Qual o valor de cada um deles?
· Quais os prazos para concretizá-los?
Com essas informações, é possível calcular quanto economizar por mês para alcançar os montantes necessários para cada objetivo. Diante disso, é preciso verificar sua capacidade de poupança. Se for menor do que o necessário, será preciso fazer a gestão do orçamento, levantando receitas e despesas para definir como economizará para investir. Com esses dados, poderá decidir que gastos reduzir e que receitas aumentar para que o ato de poupar seja frequente.
Ajustada a sua capacidade com a necessidade de poupar, torna-se importante determinar o retorno que você precisará ter em investimentos para que os seus recursos cresçam na medida certa dentro de cada prazo.
É importante lembrar que o planejamento financeiro de longo prazo abre a possibilidade de obter maior retorno, pois ter mais tempo nos permite assumir um pouco mais de risco. É claro que dentro dos padrões do perfil de cada um (suitability).
O investimento de longo prazo nos permite também ganhar em outra ponta, pagando menos impostos. Ter em mente os prazos para cada projeto nos próximos 15 anos ajuda a construir a diversificação necessária para realizá-los.
Planejar o longo prazo traz segurança para colocar os sonhos em prática, mas não basta elaborar uma boa política de investimentos e gestão de ativos. É preciso monitorar os impactos das de mudanças políticas econômicas estruturais para os seus investimentos, e como isso se encaixa com as expectativas que você tinha.
Em um intervalo de 15 anos, é natural fazer alguma mudança na alocação. Além disso, é importante reavaliar os objetivos, de forma a ajustá-los ao plano financeiro. O recomendável é essas revisões sejam anuais.
Por mais projetos que você planeje realizar, o principal deles deve ser garantir a independência financeira no momento que você mais precisará dela: a aposentadoria. Constituir e alimentar essa reserva é o que vai manter a sua qualidade de vida para além dos 15 anos. Ela deve ser feita paralelamente a todos os outros objetivos, durante os diferentes momentos de vida e não deverá ser desviada de sua finalidade.
Importante: uma parcela do patrimônio deve sempre estar em liquidez (aplicações de rápido resgate) para compor o colchão financeiro. É um dinheiro que pode atender a necessidades emergenciais, mas também ser usado para aproveitar alguma oportunidade que surgir ao longo do tempo.
Para proteger os seus planos e garantir que sejam concretizados, será preciso avaliar os riscos e considerar a contratação de seguros. Mensure o quanto o patrimônio e a renda podem ser impactados por tais riscos. Nesse sentido, os principais seguros de proteção pessoal e familiar são os de vida, com cobertura para morte, invalidez, incapacidade, doenças graves; o de acidentes; saúde e responsabilidade civil. Para cada pessoa pode haver uma necessidade, como a contratação de cobertura em relação à perda de renda, à quitação de crédito e financiamento (habitacional e prestamista), além da proteção de bens patrimoniais (residencial e automóvel).
Texto publicado no site Época Negócios em 04 de junho de 2019 e no site Planejar em 13 de junho de 2019.