Rejane Tamoto

Minimalismo: quando menos é mais tempo e dinheiro

O movimento que defende que viver mais com menos traz qualidade de vida vem sendo cada vez mais propagado nos últimos cinco anos. No serviço de streaming Netflix estão disponíveis dois documentários sobre o assunto. Muito associado ao ato de consumir menos e no que realmente é importante e traz satisfação, o minimalismo pode ir além da economia de dinheiro nas compras.

Também pode ajudar a poupar um recurso que é cada vez mais escasso no cotidiano das pessoas, mesmo em tempos de pandemia: tempo e atenção.

A forma como administramos o tempo é tão valiosa quanto a forma que controlamos os recursos financeiros. No conceito minimalista, o excesso de objetos, que geralmente são comprados para preencher outros vazios na vida, demandam mais tempo para organizar em armários e, mais adiante, para selecionar os que devem ficar ou não.

Não apenas coisas, mas também o excesso de cartões de crédito e contas em bancos, corretoras e relacionamentos com instituições financeiras podem consumir bastante tempo em dois momentos importantes.

Um deles é na hora de declarar o Imposto de Renda. Gasta-se tempo para reunir os documentos, e atenção na hora de preencher e conferir para ver se os dados estão corretos. Uma das principais causas que levam o contribuinte à malha fina, segundo especialistas, é exatamente a digitação de dados incorretos.

Se há muitas informações causando uma insegurança para a pessoa que deveria preencher, em vez de tempo, será preciso gastar dinheiro para contratar um profissional ou outro investimento que reduza um pouco esse trabalho, como o certificado digital.

Neste ano, a Receita Federal colocou à disposição um projeto piloto de declaração pré-preenchida, que vem com dados previamente digitados, e deve ser feita online e pelo acesso Gov.br. Mesmo quem utiliza certificado digital ou a declaração pré-preenchida deve conferir as informações que constam de forma automática com os informes, para garantir que não será necessário fazer a retificação e, pior, não cair na malha fina.

O segundo momento em que o excesso de cartões e contas pode consumir bastante tempo é na organização financeira.

Para ter as rédeas das finanças por meio de um fluxo de caixa e orçamento, será necessário categorizar as despesas dos extratos e faturas. Esse processo é, muitas vezes revelador para quem acumula contas bancárias e cartões. É comum que as pessoas encontrem tarifas que nem faziam ideia que pagavam, pois simplesmente nunca pararam para consolidar esses relacionamentos com instituições financeiras.

Não defendo, porém, que o minimalismo deixe a pessoa acomodada aos relacionamentos bancários que tem. É importante conhecer o que o mercado oferece, experimentar, pois só assim encontrará alternativas melhores e que fazem mais sentido para o momento de vida atual. A proposta é escolher as que vão ficar.

Uma forma bem interessante de descobrir em quantas instituições o nome está cadastrado é por meio do Registrato, do Banco Central, um sistema que mostra quanto há em cada conta, quanto foi gasto em cada cartão de crédito e qual o nível de endividamento. Esse sistema também é uma excelente maneira de verificar se o nome pode estar sendo usado por outra pessoa, em alguma instituição.

O minimalismo que proponho não é só o que elimina quinquilharias e objetos que não trazem mais satisfação. Também está relacionado ao tempo e atenção para as finanças, que começam pela escolha de relacionamentos alinhados ao propósito de cada um.

Rejane Tamoto é planejadora financeira CFP®, jornalista e sócia da FIDUC. Voluntária na Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros-, tem como missão transformar positivamente a vida financeira das pessoas e contribuir para o crescimento dessa profissão no país.

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